Por Juan A. Medina
A falta de emprego ou a simples possibilidade de perdê-lo assusta muitos hoje em dia. Mas algumas vezes ficar sem trabalho pode ser um divisor de águas e representar um bom momento para repensar e dar um novo foco à carreira profissional.
Yescom Consulting
Para Yuri Morejón, assessor de comunicação pública e política da empresa Yescom Consulting, em momentos de crise, como dizia Einstein, "só a imaginação é mais importante que o conhecimento".
"Quando buscamos um emprego, somos mais do que nunca uma combinação única de nossos conhecimentos e habilidades, de nossa personalidade, experiência, valores, e como não, de nossa imagem", afirma Morejón sobre o que chama de "anteprojeto de marca pessoal".
Segundo ele, é fundamental tirar proveito do real potencial profissional para projetar a marca pessoal, fugindo do básico.
"É como uma dieta. Você notará os resultados se seguir a bem-sucedida receita dos três 'Pês': paciência, prudência e perseverança", explica.
Receba pelo que vale
Morejón diz que, independentemente da profissão, é importante se dar valor. Para isso, basta identificar seu espaço e encontrar um estilo próprio. A chave passa tanto por uma boa estratégia de comunicação como por um relato atraente que conecte o público alvo.
O especialista em comunicação e marketing destaca a relevância da diferenciação, independência, reconhecimento, reputação e credibilidade do profissional para que se chegue ao real valor de seu trabalho.
Ele estabelece cinco pontos de onde partir para criar uma marca pessoal.
- Objetivos - "Não há vento propício se não se sabe para onde ir. Quem sou? Como sou? O que quero conseguir? A quem quero me dirigir?. Essas são as chaves".
- Diferenciação - "Para ser, é preciso ser diferente. O que fazer? Em que campo me destaco, sou bom ou me motivo?".
- Estratégia - "Quais passos darei para conseguir meus objetivos? Que imagem vou projetar de mim mesmo?".
- Convicção - "É preciso se dar valor. A convicção, na profissão e no valor profissional, é percebida. Ela rende, é algo que atrai, que gera seguidores. Só é necessário encontrá-la e saber projetá-la".
- Paciência - "A maioria dos que fracassam tentou antecipar a hora do sucesso".
Internet e redes sociais
Por trás de uma marca pessoal deve haver uma história coerente, viva, estruturada, crível, sedutora e autêntica construída com base em valores, ideias, as palavras, imagens e projetos que se deseja transmitir. Em palavras de Morejón, "o relato bem narrado simplifica, interpreta, clarifica, comunica, integra, motiva, persuade, mobiliza, emociona, humaniza um serviço, um produto e quem o vende".
Para ele, a ajuda da internet e de redes sociais para expandir a marca pessoal são inventadas, mas existem riscos. "O maior é crer que estar nelas é o fim, e não o meio para chegar, conectar e interagir com outras pessoas. Conhecer a rede e a forma de comunicar-se nela é chave para ficar conhecido, aproximar-se da interação com o público, debater e receber propostas, criar opinião e, definitivamente, se referência no âmbito profissional".
No que se refere ao custo que uma marca pessoal tem que criar, o especialista afirma que "não é questão de dinheiro, mas de tempo, dedicação e de querer crescer e melhorar como profissional".
Para Morejón, criar uma marca que forneça valor e tenha boa reputação não é fácil. Nosso nome, nossa reputação será algo que nos acompanhará por toda a vida.
"Poderá mudar, sem dúvida, mas nunca poderemos descuidar de áreas mais humanas como a forma de atuar, a maneira de nos relacionar, a honestidade e nossa credibilidade. É ela a que somará ou diminuirá qualidades a nosso prestígio como profissionais", esclarece.
O especialista espanhol conta também que, em seu caso, elaborar sua própria marca serviu para ganhar em independência, reputação e influência, mas sobretudo serviu para que empresários e políticos vissem que em sua profissão, a comunicação pública e política, ajuda a que conheçam mais, entendam melhor e, definitivamente , lhes comprem e votem mais".
Morejón cita como exemplos de sucesso alguns famosos que souberam projetar sua marca pessoal, como a apresentadora de televisão americana Oprah Winfrey.
"Sua trajetória de vida demonstra não só sua capacidade de superar os obstáculos, mas o grande potencial de um bom relato pessoal para conectar, emocionar e influir sobre um público tão diverso como o americano", fala o espanhol.
EFE - Alejandro Ernesto
Sobre a jornalista cubana Yoan Sánchez, que se tornou um dos ícones da defesa dos direitos humanos em seu país através de um blog, Morejón opina: que "ter uma meta clara - informar do que acontece em Cuba - a colocou como uma grande líder de opinião, com muita credibilidade e capacidade de influência".
Em referência ao empresário argentino de origem colombiana Francisco de Narváez, peronista dissidente e duro adversário para o ex-presidente Néstor Kirchner, o especialista ressalta que ser estrangeiro e homem de negócios não parecia a maior exigência para entrar na política.
"Sua difícil história pessoal também não parecia ajudar, mas ele se posicionou como um homem feito a si mesmo, com um estilo novo de fazer política, como a solução para os problemas do povo. E foi capaz de derrotar o ex-presidente Kirchner na província eleitoral mais importante da Argentina", continuou.
EFE - Harold Escalona
Em relação a outro personagem da atualidade, o venezuelano Alberto Federico Ravell, ex-diretor do canal "Globovisión", comenta que ele soube aproveitar a potencialidade da internet e de redes sociais como o Twitter, onde tem mais de 100 mil seguidores, para se tornar referência de informação e opinião no país.
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